17 maio 2010

Existência Calculada

Falta que sinto de meu coração breu, pacificado e contente. Não quanto antes de te servir-lo como acalento beijo num sentimento tão infrutífero, antes de me derramar num corpo tão vadio e seco — mas quão belo deserto és, de uma beleza perfeita e angelical, ao mesmo tempo ímpeto e desgraçado, num equilíbrio de um hino com um pranto, todos uníssonos. E se no passado houve alguma alegria, ébria alegria era, embriagada de teu cheiro, de teu gosto, mas sempre incompleta alegria. Mais: se neste mesmo passado houve paixão, agora é só um vazio exaurido por teus fracassos. Porque ser amado por mim é difícil, eu deixar de amar é pior ainda e me amar é impossível.
Minha alma celerada que atordoa meus dias, sinto medo, dor, tristeza, ódio e medo. Mas muda, jamais. Grito e espanto meus demônios, meus inimigos, mas não consigo afastar os febris fantasmas enterrados tão cuidadosamente em mim. Num tom tão doce que lúgubre, meu próprio sorriso pisoteia a minha paz quando em tão distantes lábios te vejo perdido.
O que me resta é balbuciar a Deus que entrave um encontro nosso, que se acaso acontecer, não me hesitarei em dizer que sempre te amei, e sei que isto riscará um ponto final na minha paz. Não fosse o ódio que sinto, não sei do que seria o meu amor por ti.

PR Lima

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