24 fevereiro 2012

Meu perfil psicológico

- acho tudo inconstante demais. Querer se manter nexo num banzeiro é esgotar esforço por nada: você sempre se afoga antes do tempo.
Eu, eu me mantenho na oscilação, vou de onda a onda, até o mar mais profundo e depois deixo ele me afogar.
O meu cortejo, só os loucos retribuem.
Gotejado por onde passo, eternas e rudes palavras minhas.
Perdoe-me, sou surdo, às vezes mudo. Entenda como preferir.

PR Lima

14 fevereiro 2012

A sujeira fica pra sempre, eu acho. Nas veias, sou capaz de sentir o sangue correndo como areia, machucando o peito, sinto me sufocando. Exausto, desolado e com medo. O único lugar onde ainda me sinto refugiado é na cama, a todo custo, quando me deito e sinto caindo sobre meu própio cadáver.
É insatisfação ansiada estar preso em mim mesmo, quando o que eu queria mesmo é reatar a liberdade da alma e me perder no mundo.
E talvez encontrar a paz. É um sonho bobo, tudo está bagunçado demais.

21 maio 2011

Intervalo

alexandre

(Imagem: Alexandre E.)

- Ele tragou todos os meus Fracos e suspirou um "Eu Te Amo". Como se tudo em mim que formava um 'Não' fosse um pranto feito de beija-flor: leve, sem dor, sem ferida. Irracional.
(delirando)
- Ele cotou meu Forte em ponto fraco. Tornou-me sobrecarregado em dívidas do colo de umas e tais reações que nem conhecia.
Minha maré não O afogou, minha tempestade não O derrubou, meu terremoto não O bagunçou: O meu Eu nem O tocou.
( - Quis ter te derrotado, meu Pior Mau.)

  Não me culpo por ser fraco, ou forte o suficiente por você. Não me entristeço por eu ser apenas mais um dia em seus passados. Não me importo de nada. Mas sonho em poder me assistir ferindo a sua nostalgia, com aquele meu vazio que lhe causou algumas escoriações na alma. Por um instante, em algumas destas, queria ter sido a sua dor. Pedi a Deus que antes que desse mundo partisse, eu fosse a causa de algum arrependimento seu. E eu me alegraria.
  Consigo te odiar por qualquer motivo, mas te odeio com mais força por ter me ensinado a Amar.

Pr. Lima

26 abril 2011

Renascimento

pesadelos

  Silenciado pela inquietação dos meus devaneios, afogo-me no doce abismo do cálice. Transbordando-me de calafrios, arrepios, sexo.
  Da sombra do meu travesseiro surge um homem, nu, de asas negras, ferindo a minha paz. Tremo, grito e corro, mas estou perdido em minha cama. O homem me abraça com suas mãos frias e rígidas, navegando-as aos meus lábios. Numa blandícia maligna, espreme o meu ar, sinto conforto, um terrível conforto. Um orgasmo de desespero.
  Acordo como se estivesse renascido, infelizmente, em mais um pesadelo: meu quarto está repleto de demônios, todos me deblaterando com gargalhadas e grunhidas. Meu terror está acordado. Minha alma pútrida. Meu espírito corrompido. Meu coração barateado.
  Prostrei-me,

Pr Lima

02 julho 2010

Defesa:

Procuro por um amor que não envelheça.
Por um amor que não conte datas. Que não pereça.
- meu amor é sempre pequeno, sempre crescendo.
Quero um amor em chamas ardendo
Não quero um amor que me faça dormir calmo.
Quero um amor que me faça estar acordado.
Não quero um amor conto-de-fadas.
Quero um amor vivo, vivido, real e sem explicação
Um amor não adjetivado. Em incondição
Não quero amor, quero um amado.
Não ser amado, só ser lembrado.

PR Lima

17 maio 2010

Existência Calculada

Falta que sinto de meu coração breu, pacificado e contente. Não quanto antes de te servir-lo como acalento beijo num sentimento tão infrutífero, antes de me derramar num corpo tão vadio e seco — mas quão belo deserto és, de uma beleza perfeita e angelical, ao mesmo tempo ímpeto e desgraçado, num equilíbrio de um hino com um pranto, todos uníssonos. E se no passado houve alguma alegria, ébria alegria era, embriagada de teu cheiro, de teu gosto, mas sempre incompleta alegria. Mais: se neste mesmo passado houve paixão, agora é só um vazio exaurido por teus fracassos. Porque ser amado por mim é difícil, eu deixar de amar é pior ainda e me amar é impossível.
Minha alma celerada que atordoa meus dias, sinto medo, dor, tristeza, ódio e medo. Mas muda, jamais. Grito e espanto meus demônios, meus inimigos, mas não consigo afastar os febris fantasmas enterrados tão cuidadosamente em mim. Num tom tão doce que lúgubre, meu próprio sorriso pisoteia a minha paz quando em tão distantes lábios te vejo perdido.
O que me resta é balbuciar a Deus que entrave um encontro nosso, que se acaso acontecer, não me hesitarei em dizer que sempre te amei, e sei que isto riscará um ponto final na minha paz. Não fosse o ódio que sinto, não sei do que seria o meu amor por ti.

PR Lima

06 maio 2010

O Naipe Desgraçado

Ao que o tempero de um corpo se mistura a lírica alma de um homem, nasce a paixão. Que morra caquética a tristeza que nunca desata da garganta, a febre que sufoca o coração de um amante não amado. A dor e o pesado vazio que manifestam no silêncio de um pesadelo careado com a mágoa e a raiva. Alimentado com o ódio e o sangue do fálico sexo.
Sangra, sangra sofredor, vítima do amor. Sofra, sofra e morra pelos prantos que não nasceram, das agulhas que não te curaram, pelo clamor que nunca foi respondido. Grite, rasgue a garganta com o nó, asfixie o coração com a febre, derreta teus olhos sobre o espírito maldito que atreveu criar o amor.
- amor, amor e ódio, trágico conto erótico.
Nesse teu coração há um Rei, desesperado e aflito, com sua plebe massacrada, com a sua coroa quebrada e sua Copa despedaçada. O amor destrói, o amor constrói. Ele erra, corrige, erra e aprende. Veja, o amor é o teu coração, não quem tu amas. Mergulhe, embebeda-se nesse sentimento que não explica o bem, mas concretiza o mal.
O amor é você mesmo.

PR Lima