05 outubro 2009

O segundo quarto.

Dois sabores degustados sobre o meu paladar condensavam dentre a minha boca. Três suores escorriam em passeio pelos corpos dançando em meio ao lençol bagunçado, forjado do calor que nem mesmo as bebidas sujas refrescavam, minha mente amolecia e derretia nas mãos de dois profanos. Ali se contava mais uma fábula, ali se desencadeava mais um conto vermelho e obscuro, trajado de desejos insanos a sobremesas recheada de pecados, enlouquecidos pela excitação, indagado fluido de sonolentos gemidos, ateando mãos em minha chama. A densa mistura de tristeza e de paixão extasiava o meu controle. Uma musica macia e preguiçosa soava quando todo o corpo foi perdendo força, quando descobri o caroável mel de dois sexos.
Então, a fumaça do cigarro asfixiava o ar, as roupas amarrotadas continuavam mortas jogadas ao chão cru. Eu nu, debruçava perdido entre dois rapazes, queimando a minha pele com o fogo que ainda ardia naquela cama encharcada de segredos. Não me recordo do número do quarto, quais horas se passaram e nem mesmo a cor das paredes, sei que algo de ruim em mim foi esquecido lá, sobre um dos travesseiros, e que no segundo quarto daquela madrugada, se decidiu em mim um amor que duvidei ter nascido há algum tempo. A loucura pela vida me cansa, mas ultimamente ando sobrevivendo por conta daquele olhar embriagado de doçura.
Adultério tem a delicadeza de uma rosa, fragrância cigana e sabor de vício.

2 comentários:

  1. Segundo quarto foi um título perfeito. *_*
    Ritmado, bem traçado, senti-me na sua pele, no seu suor misturado.

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  2. criou um ambiente mágico...
    sem sentir faz versos lindos:
    "a loucura pela vida me cansa"
    "adultério tem a delicadeza de uma rosa, fragrância cigana e sabor de vício."

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