Num dia dourado irei acordar
E quebrando as grades da janela,
As mãos macias do sol irão me enxugar
De todos os sonhos que me impuseram a decorar com os meus sorrisos.
Um dia irei me libertar
E pela porta de um quarto morno
Se quer uma mágoa irá atravessar
De um presente não vivido, manter-me-ei morto.
Um dia poderei voar, com asas que não as tenho, ao eterno
Para o refúgio sob uma nuvem: de um garoto vaziar a vida
Ao vilarejo em que as minhas feras adormecem
Calando os seus cantos no canto da minha ferida.
Com os pés, feito lençol, abraçar várias areias
Constranger o árduo, assentar a fertilidade em minhas mãos.
O ventre dolo desse calo, marcado estará em minhas veias.
Culpando a minha cegueira, resguardando a minha mudez
Regará então, o louvor virgem
Foliando a minha partida com pétalas de prantos.
Ao nublado som de meus passos
Deixarei apenas o meu entardecer à bocarra das madrugadas.
Ao vento, largarei todas as minhas rezas
Ao delírio, à loucura, à incerteza forjarei meu destino
Crente, a um belo encontro com os meus ossos.
08 outubro 2009
sem título
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Voar torna-se bela com asas de plumas sedosas e triste com asas de papel manchado.
ResponderExcluir