A cada sentimento em mim expresso, há um Eu distinto deste de agora, daquele que virá e também daquele que faleceu há poucos instantes. Todos os dias eu repito os mesmos gestos: nasço na manhã calada de passos de homens e mulheres; cresço um pouco por volta da tarde, amadureço no belisco da noite sobre o sol salgado, adoeço com as estrelas e finalmente morro fálico sobre a lua cheia. Cala-se na bêbada madrugada, meu perfume velho.
Na pequena fisgada do incenso, que por graça ainda incendeia meu passo aos céus, confraternizo a minha vida, o meu martírio e minha órbita. Brindo o vinho, o sangue e os ossos. Da frágil felicidade entorpecida e folgada que vela meus prantos, abençoa, ela, o falecer do pouco da minha criança.
Eu morro sem deixar cartas, sobra apenas a minha silhueta indagada pelos meus fantasmas, estes, deste Eu que já irá partir.
Peço licença, daqui a pouco renasço e volto para os teus braços.
PR Lima
Maravilhoso texto... uma visita ao mais íntimo do EU humano que sempre se despede, se encontra, se mata e busca a redenção!
ResponderExcluirparabens!
"tem que morrer pra germinar"
ResponderExcluirSe for pra morrer, que nasça em braços aveludados.
isso mesmo Diana!
ResponderExcluir"Peço licença, daqui a pouco renasço e volto para os teus braços."
ResponderExcluireu tatuaria isso na minhas costas se a agulha não perdesse meu sangue...
e nossa tu me encontrou!!!
E vou te seguir no twitter também bjus
"Para nascer de novo, é preciso morrer primeiro."
ResponderExcluirMuito lindo o texto!!
daqueles textos perfeitos, que após cada palavra lida vem uma + perfeita e que te deixam sem palavras.
ResponderExcluirsem palavras, rapaz. ah! "parabéns pelo texto". rs