26 março 2009

Cartas a GN

Houve a fuga de palavras, talvez eu as tenha engolido a seco, quem sabe te entreguei e as memórias me escaparam.

Querido amor,
Hoje reacendeu dentro de mim aquela rosa. Aquela rosa estranha sem espinhos, tão estranha que nem cor tinha. Apenas flameja como cigana em êxtase sublime, neutra e serena. Uma rosa intangível, de perfume irreconhecível e de beleza inexplicável.
Hoje soprou em minha alma, aquele vento puro, parido do alto dos picos dos Alpes. Aquele vento que refrescou pinheiros, correu rios, vento que sarou meus prantos. Sarou meus olhos.
Hoje aquele mesmo céu sorriu para mim. Primeiro azul, depois anil, mais tarde vermelho café e em fim as estrelas. Aquelas mesmas estrelas do meu primeiro beijo, daqueles abraços, daquele conforto que eram teus braços.
Hoje as árvores dançaram pra mim.
Hoje meu corpo inteiro árduo, tornou leve e suportável.
Hoje descobri aromas. Hoje desvendei as cores. Hoje cantei, mudo, num tímido timbre de pensar.
Hoje ressoei em meus ouvidos o seu pequeno “eu te amo”
Hoje envelheci várias vezes de tanto sorrir.

Com carinho, PR.

Nunca te faltei com paixão e nem menos amor, que importâncias tinham meus defeitos?


(Continuação da última carta)
Não sou requisitado pelos versos que sopro. Sou apenas um rueiro que clama por um olhar teu, que louva a tua beleza. Que ressuscita as serenatas do Romantismo.
Sou um rústico jardim que surgiu alimentado pelo teu sorriso. Que falece quando ouve o teu pranto. E felicita com o teu perfume, que fulmina as minhas tristezas.
Tu és essa chama que inflama pelos meus poros, tu és esse rio que purifica a minha alma. És toda beleza que humilha os mais raros fenômenos naturais desse chão que piso, chão de um mundo que desenhei em minhas saudades, para que pudesse te encontrar enquanto sofria com a tua ausência – neste meu mundo tudo é tão real quanto esta paixão que sinto por ti. Neste meu mundo as rosas são de todas as cores, as nuvens são imensas e bem contrastadas, há lagoas e montanhas, há cânticos de pássaros e brisas que penteiam os campos. Neste meu mundo tu permaneces do meu lado, abraçados, sempre cochilamos sob a sombra de um pessegueiro que nos cobre com suas pétalas.
Te amo demais GN.

As palavras são o que me restaram, e elas continuam se esvaindo de minhas mãos. Fui um anjo para ti. Fui o melhor que consegui ser. Eis aí a ventura das minhas frases, que mais esta vez, dedico incondicional, plena e fielmente a ti. Sempre vou te amar. Espero que depois que perder as minhas asas eu descubra que a minha queda foi apenas um pesadelo.

Um comentário:

  1. lindas palavras... me parece que você é um cara de sorte.

    bom fim de semana ;*

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